E Se a Nossa Dor For um Presente pro Outro?
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Talvez o que nós temos de mais dolorido, mais amargo e até mais triste seja também o melhor que temos para oferecer aos outros. Doido, né?
Pensa comigo: Aquilo que você e eu passamos e não foi nada fácil, que não foi nada agradável, que traumatizou e tudo o mais, essa experiência aí molda a maneira como vemos o mundo. É o grande dilema da vida: Nós não seríamos quem somos, nem chegaríamos aonde chegamos, se não fosse tudo o de ruim que aconteceu - uma ideia que pairou nas entrelinhas do último episódio, com Tico Santa Cruz. E é muito doido pensar que todas as nossas interações com o mundo, com os outros e dentro da nossa cabeça carregam, portanto, essa dor que construiu nossa vida, ou quem somos.
Por isso, faz sentido interagir com as pessoas sabendo que todo mundo chegou até aqui sendo formado por um montão de experiências ruins. Essa perspectiva sempre ajuda a entender uma atitude ou palavra amargurada, mesmo de um desconhecido (vai saber o já aconteceu lá dentro). E também dá um valor danado aos sorrisos, baita símbolos da teimosia de quem quer viver.
Mas, vamos voltar aqui à ideia da dor ser o melhor que temos a oferecer. Nesse panorama em que todos estão sofrendo ao menos em algum nível, trazer a sua dor à frente é, muitas vezes, tirar aquela pessoa do limbo da inexistência, já que a contemporaneidade parece só validar as pessoas que conseguem causar inveja. Falar “aqui dentro também dói” devolve a humanidade a quem desconfia estar sozinho, à margem da experiência que é ser gente (absurdo, mas acontece).
Presentear alguém com uma dor sua pode ser também apontar à esperança, ainda mais se for algo que doeu muito no passado e aprendeu hoje a dar espaço à teimosia do sorriso. Ser pós-jovem é saber que nenhuma dor amanhã será igual ao que é hoje, mas é também sacar que tem alguns atalhos que podemos pegar para que as coisas doam apenas seu suficiente, não mais do que precisa. E ver que alguém passou por algo que ficou no passado não encurta esse caminho, mas alivia um pouco o peso.
Quantos filmes, livros e músicas que te impactaram não nasceram de muita dor? E aqueles artistas nos deram de presente o horror do passado em forma de algo muito positivo. E é difícil medir, mas eu arrisco dizer que as conversas mais significativas que tivemos na vida tinham alguma dor envolvida. Enfim, se há catarse, sublimação ou qualquer transformação, provavelmente há também dor.
É por tudo isso que eu tenho aprendido que guardar minha dor aqui dentro e não compartilhá-la com ninguém é um baita de um egoísmo, e evitar o contato com a dor do outro é igualmente tolo, todo mundo sai perdendo. Não sei afirmar que sou grato por ter passado por algumas coisas que eu vivi, mas é nesse escambo de males, nessa troca de aflições, no passa e repassa das agonias que eu aprendo novos olhares para o que passei e, consequentemente, para quem sou hoje.
Dicas, dicas, dicas!
Eu amo conhecer podcasts com a mesma pegada do Pós-Jovem (não escondo de ninguém que eu faço o podcast que eu quero escutar), o lance de uma conversa aberta tanto na multiplicidade dos temas, quanto na franqueza. E o QVPQE é bem nessa pegada que a gente gosta, de um papo sobre a vida bastante pessoal, e uma dica que eu ia trazer faz algumas edições, mas guardei sacanamente para contar que: Eu (!) fui o convidado do episódio 19, o mais recente - e eu toquei justamente em temas afim do texto acima. Pra mim, os fãs do PJ ganharam um “episódio extra”, porque a minha sensação foi de estar “em casa”, sabe? Vale a pena escutar também pra ver o cara legal que Ricardo é, e também para apoiar um projeto bacana que ainda está no começo (ouçam, sigam e indiquem também).
Produtos de amendoim fora das festas juninas [lanchinhos]
Ovinhos de amendoim da Elma Chips não são ultraprocessados (não contém ingredientes artificiais). E a marca de paçoca Da Colônia, para além do custo/benefício ser bom, tem produtos com açúcar mascavo (uma opção mais saudável que o açúcar refinado). De nada!
Acesso aos Bastidores do Pós-Jovem [canal do Whatsapp]
Pra quem ainda não ficou sabendo, a gente tem agora mais um canal - literalmente - de contato. O Acesso aos Bastidores é isso mesmo que você está pensando: Informações do que está acontecendo no podcast em tempo real, com direito a spoilers, fofoquinhas e demais informações privilegiadas. Entra lá!
E no podcast…
Felipe Machado é hoje editor de cultura da revista Istoé, mas sua carreira é tão extensa quanto variada - música, livros, roteiros, documentários, fotografia e até pintura. Não por acaso, ele é a cabeça por trás do podcast De Onde Vêm as Ideias, que explora em cinco episódios a criatividade humana. Episódio, com temas que eu amo muito, sai nesta terça (05), no comecinho da tarde.
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uma forma muito saudável de encarar nossas dores. gostei!