Vou logo começando o texto com uma informação que não pode ser ignorada: Esta é a última edição da newsletter em 2023. Teremos aí uma pausinha nas atividades e voltaremos com tudo em algum momento de janeiro (o mesmo vale para o podcast). E eu digo que não tem como ignorar esse dado porque ele tá me martelando a cabeça com uma certa cobrancinha que diz “se é o último, então vai ter que ser especial”.
Tem toda uma demanda para que as coisas em dezembro tenham muito significado, né? Alguns amigos meus têm uma pira bem grande com Natal (o feriado, não a cidade), alguns com rituais cheios de sentido, outros mais focados na decoração e em uma ou outra tradição. Na minha rua, tem uma casa que enfeita a casa todo ano já em outubro, e anualmente eu passo por ali e reflito “se a temporada de festas começa em outubro, isso não esvazia o valor da época?”.
Até eu que sou de humanas entendo que três meses de festas implicam em 1/4 do ano (pausa para eu conferir a conta), o que me parece um tempo longo demais para ser chamado de especial. É aquela filosofia básica que diz que “se todo dia fosse feriado, nenhum seria”. Em outras palavras, e adaptando um pouco com uma certa boa vontade, é quase um “se todo dia for especial, então nenhum é”.
Tá, mas vamos voltar aqui rapidinho à newsletter (eu propus a metalinguagem no começo da frase, agora preciso seguir o conceito). Eu fico meio enciumado (nem sei se essa é a melhor palavra no contexto) quando penso que uma edição seria mais especial que a outra. O formato que eu desenvolvi lá atrás, no primeiro semestre, era um que insistia que cada edição seria única, cada uma com seu jeitinho, seu charme, até mesmo sua identidade. E todas seriam, portanto, especiais. Então pronto, resolvido, é uma edição tão única quanto todas as outras, daí é sim especial.
Mas vamos voltar à questão dos dias, como está na frase dois parágrafos atrás (olha como a metalinguagem continua firme e forte!). Eu vou sim implicar com quem tenta ampliar uma data, ou época, e acaba esvaziando seu valor ou propósito nesse processo. Mas eu vou insistir no raciocínio de que todo dia pode ser especial por ser único.
Acho que ser pós-jovem é entender quanto vale cada um dos nossos dias. E tenho entendido também que ser da geração que sobreviveu, ou está sobrevivendo, uma pandemia é ter aprendido (ou tido a oportunidade de aprender) que aquilo que “sempre acontece” pode rapidamente deixar de acontecer. Você sai toda sexta com aquele grupo de amigos, passa toda vez depois da aula naquela padaria ou visita aquela pessoa a cada tanto tempo. E, de repente, nada disso mais acontece.
A minha ficha caiu ali em 2020 mesmo, tive que questionar se eu tinha dado o devido valor às coisas que “sempre” aconteciam e eu não tinha mais acesso porque estava isolado em casa. Desde então, tenho feito o exercício mental de entender que cada vez que vejo alguém querido, mesmo que seja só para um café bem rápido, aquilo ali é um baita de um acontecimento, mesmo se tenha cara de rotina.
E não sei se vale a pena tentar desvendar o que é que faz cada ocasião ser especial não, não é necessário esse exercício de tentar atribuir tanto significado às coisas. Se você vai se encontrar com alguém, não precisa se esforçar praquilo ser especial - já é. Vale também para a caminhada no bairro, aquela receita que você faz pela enésima vez ou até mesmo pra newsletter que você recebe (ou, no meu caso, escreve).
Tá vendo? Esse aqui era pra ser especial e, de fato, é. Ano que vem, tem mais.
Um desses drinks é pra você. Não custa nada, é brinde *plateia ri*
Erom Cordeiro, Cadê Você?
A sessão Pós-Jovem, cadê você? está aqui para botarmos o papo em dia com convidados que deram as caras no podcast há um bom tempo. Nesta edição: Erom Cordeiro (Pós-Jovem #054).
Cadê você?
“Tô por aqui em SP, me mudei em abril pra cá… morando em SP, mas agora trabalhando no Errejota. Indo e vindo, lá e cá. Acabei de rodar um filme em SP dirigido pela Luisa Schelling Tubaldini. E comecei a gravar uma novela na Rede Globo, Elas Por Elas, até final de março. Recentemente estreou no Globoplay a 3ª temporada de A Divisão e também no Netflix a série DNA Do Crime. E fui a Maceió semana passada pra filmar uma diária de um curta que fala sobre o crime ambiental da Braskem em Maceió. O curta chama Rota De Fuga!. Começando também a levantar um espetáculo solo para o ano que vem. E começando a escrever um roteiro também e por aí vai… Bolando, imaginando certos mundos e tentando viabilizar”
O que tem te feito bem?
“Correr, ouvir e ver música e teatro e ler e estudar”
O que você recomenda?
“Recomendo ver filmes brasileiros no cinema. Acabei de assistir aos incríveis Tia Virginia, de Fábio Meira, e Pedágio, de Carolina Marcowicz. Escutem a cena musical de Alagoas: Bruno Berle, Ítallo França, João Menezes, Marina Nemesio, Nyron Higor, Wado, LoreB, Flora, Janu, Batata Boy, Jacinto Silva, Zeca Do Coco, Jurandir Bozo, Mestres do coco e tanta gente incrível. E lotem os teatros, sempre!”
Dicas, dicas, dicas!
O Clube dos Jovens de Ontem, de Wado [disco]
Dando continuidade ao que Erom disse, trago aqui mais um trabalho bonito demais do meu amigo Wado (#035). E veja como a obra é pós-jovem já em seu título! Tem um clima sóbrio que paira sobre as músicas, mesmo na festa de músicas como Álcool ou Acetona, de um som que não tenta se expandir muito, mas fica aqui, mais miudinho, mais na dele, cativando sem precisar falar muito alto. E ele dialoga com um indie popzinho bastante contemporâneo, mas longe de ser um tiozão tentando se enturmar. Que nada, aqui é tudo muito honesto e de bom gosto. Seu defeito é ter nem 20 minutos de duração, mas, por outro lado, a graça está aí também.
Assinatura de café Veroo [café]
Isso não é conteúdo pago (mas podemos conversar sobre isso, Veroo!), mas uma dica de um serviço que eu uso há alguns anos e sempre me surpreende (já falei dele no Instagram, mas vale repetir aqui também). Sabe as tais das pequenas alegrias da vida adulta? Todo mês, recebo um café de altíssima qualidade, feito por um pequeno produtor, acompanhado de informações sobre o lote e algum mimo que combina com aquele perfil de sabor (em novembro, por exemplo, foi doce de leite). Tô falando de cafés excelentes, daqueles que a gente paga muito caro para tomar fora de casa e eu às vezes nem acredito que posso tomar toda semana. Se você quer se dar um presente de natal, essa é minha dica. Usando meu link ou código (Y902D), você ganha um brinde legal na assinatura mensal, ou vários brindes bem legais na assinatura anual.
Já que estamos aqui…
Brinquei sobre anúncio ali, mas esse é um assunto de certa frequência nos bastidores, porque o podcast precisa se manter de algum jeito. Rolaram umas conversas com anunciantes nesse ano, mas não fechamos negócio. Amigos sempre me perguntam se vou abrir um esquema de apadrinhamento, mas eu sinto que não é isso o que precisamos pro PJ. Mas se você está lendo isso e gostaria de apoiar financeiramente o projeto, vou te contar que isso é possível (até 22 de dezembro).
Isso porque tá acontecendo um financiamento coletivo pro Música Pavê, o irmão mais velho do Pós-Jovem. Somaram custos de troca de servidor, renovação de domínio e várias coisinhas (incluindo novidades que estão por vir) e o momento pediu esse envolvimento dos leitores, ouvintes e seguidores. E a questão é: MP e PJ são praticamente a mesma coisa, já que muitos dos convidados chegam até o podcast porque conhecem o site (e, é claro, ambos são feitos pela mesma pessoa).
Pode parecer um lance meio abstrato, mas apoiar o Pavê é apoiar o Pós-Jovem de uma maneira bastante direta. Manter o MP no ar é garantir que mais gente bacana dê suas caras no podcast ao longo de 2024 e nos próximos anos. Com vinte reais, você faz isso acontecer. Conheça mais do financiamento coletivo e veja as recompensas que pode ganhar (várias delas a ver com gente que já passou pelo podcast) lá no Blog do Música Pavê ou direto no catarse.me/musicapave.
E no podcast…
Luanna é uma cantora de música pop que atua no meio alternativo, mais especificamente na cena independente daqui de São Paulo. Ela é a convidada da vez para um papo honestão sobre fazer arte, construir carreira e todos os perrengues que envolvem esses processos. Episódio sai no dia 12, no comecinho da tarde.
E já que essa é a última newsletter do ano, vou te dar a dica de que na semana seguinte também tem Pós-Jovem. E o convidado é um dos nomes envolvidos no financiamento coletivo do Música Pavê (clica ali em um dos links e descubra).
Bora manter contato!
Em janeiro, vem mais newsletter para você. No meio tempo, vem pro papo no podcast@posjovem.com.br e siga o Pós-Jovem no Instagram e no Twitter.