O Prazer do Retorno Aos Favoritos
Esse é o mais perto que eu consigo chegar de te contar o segredo da felicidade (o clickbait está caprichado desta vez)
Quem me conhece tem duas certezas ao meu respeito. A primeira é que sempre tem alguma coisa (série/filme/disco/livro/jogo/etc.) que acabou de sair e me deixou fascinado. A outra é que sempre tem alguma coisa (série/filme/disco/livro/jogo/etc.) em que eu tô no modo repeat há muitos anos. Vou dar dois exemplos recentes: Amigo meu me encontrou e logo mandou um “qual série você vai falar para eu ver?”, e uma amiga, assim que eu disse o quanto tinha gostado de Reservation Dogs, perguntou se eu já ia rever na sequência.
Afirmo com tranquilidade: Retornar aos seus favoritos é certeza de satisfação. Sabemos que vivemos em um mundo que nunca antes teve tantas opções de entretenimento, e ter que lidar com tanta informação para decidir como utilizar seus próximos minutos, horas ou dias gera uma fadiga terrível, isso quando não nos paralisa - já ouviu falar no paradoxo da escolha? É o fenômeno que diz que quanto maior a oferta, menos nós sabemos o que queremos. Tem a ver com cardápio de restaurante, e mais ainda com plataformas de streaming.
Então, somamos aí o comprometimento de tempo (sempre limitado) que leva para consumir uma obra e a energia que precisamos gastar para escolher qual é a próxima, mas também sempre tem o risco de passar por tudo isso e não gostar do que você escolheu. E nada disso acontece quando você desencana do ineditismo e decide revisitar algum dos seus favoritos. Repito: Certeza de satisfação.
Tem vezes que eu rio da piada antes da parte engraçada chegar, porque lembro como aquela cena termina. Também tem hora que, já sabendo onde aquela história vai dar, posso prestar mais atenção em um ou outro detalhe, como a interpretação de um ator, que a primeira vez não permitiu. O que não costuma mudar é o quanto eu gosto de como aquela obra se apresenta para mim como o tal do “lugar seguro”, onde eu me sinto à vontade para curtir do meu jeito.
Mas, vale dizer: Assim como não se entra no mesmo rio duas vezes, você nunca é o mesmo ao reler um livro. Conforme a vida segue seu curso, rever um filme te faz se identificar mais com um outro personagem, e concordar mais ou menos com uma fala de alguém. Não precisa nem ser algo de dez anos atrás, pode ser aquele disco do ano passado que, agora, você entende de outro jeito assim que escuta.
Por isso, revisitar nossos favoritos é sempre reencontrar alguma versão nossa que ficou no passado. E é também uma forma de se entender melhor a partir disso tudo, quando você compara quem é hoje com a pessoa que viu aquilo pela primeira vez e pensou e sentiu determinadas coisas. Essa conversa aí dentro da sua cabeça é uma que sempre vale a pena ter.
Independente disso, fica aqui a ideia: Ser pós-jovem é ter um repertório mais do que suficiente de favoritos na vida para poder preencher seu tempo livre só com eles. Lembra aquela época quando perguntávamos “quais filmes você levaria para uma ilha deserta?”? Tem dias que tudo o que eu queria era poder juntar meus preferidos e ir passar umas férias nessa ilha, sem ter que escolher algo novo ou arriscar perder meu tempo.
Me Fala de Você
Quais são os seus favoritos que sempre merecem uma segunda, terceira ou enésima vez?
Eu estou revendo Arrested Development completando mentalmente todas as falas e dizendo, às vezes em voz alta, “nossa, muito bom”. Coloquei Caravana Sereia Bloom para tocar dia desses enquanto eu cozinhava e cantei com Céu na antítese de saber todas as letras e me sentir ouvindo aquilo pela primeira vez. E, vou te contar, estou enrolando para reler Tudo É Rio, meio que me fazendo de difícil, meio com medo (mas também com vontade) de sentir tudo aquilo de novo.
E você?
E no podcast…
Na semana em que se apresenta no Lollapalooza Brasil, Teco Martins vem ao Pós-Jovem comentar a Turnê Relâmpago que sua banda Rancore está apresentando pelo país. Baita cara simpático, com muita coisa para contar, sobre reações dos fãs às suas músicas ao criar o filho plantando a comida que eles comem. Sai na terça, dia 19, no comecinho da tarde.
Bora manter contato!
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Tem umas séries que tem uma conexão específica com um lugar, e mesmo que seja fictício, quando você revê, parece que tá voltando pra casa. Pra mim, esses lugares são Pawnee (óbvio) e Stars Hollow, de Gilmore Girls. Eu não sou muito de reler, mas ouvi O Meu Pé de Laranja Lima - o único livro que releio de tempos em tempos - e foi legal não só revisitar com outro olhar, mas através da voz de outra pessoa (aka o Pós Jovem Rafael Cortez).
Série pra levar pra ilha: The Office. Livros tem muitos, mas alguns: Cem anos de solidão, O filho de Mil Homens e Laços de família.