Tá Difícil Alimentar sua Curiosidade? Dá Aqui um Abraço 🫂
Eis um texto em formato de lista para facilitar sua leitura (tamo junto!)
Achei muito interessante como a palavra “curiosidade” tem aparecido em vários episódios do Pós-Jovem, frequentemente ligada justamente ao não-envelhecimento, porque mantemos nossas mentes mais “frescas” à medida em que cultivamos (ou não perdemos) um olhar curioso, quase infantil, de quem sempre tem algo novo para enxergar no mundo. E eu acho que pode ser bom tocar no assunto por aqui também, mas trazendo um outro olhar sobre a questão: Por que é tão difícil se manter curioso hoje em dia?
Colecionei aqui alguns motivos, vou adorar conhecer os seus também.
Volume de informação: Você também tem vontade às vezes de não ficar sabendo de mais nada? É insano (literalmente “sem saúde”, doente) o quanto temos que dar conta diariamente, na vida contemporânea e digital, de tanta notícia. Li uma vez que nosso cérebro não dá conta nem de tantos nomes que temos que saber hoje em dia (nunca se conheceu tanta gente, seja em contato interpessoal ou pessoas, digamos, em evidência que você acaba sabendo quem é), menos ainda de saber tantas coisas novas todos os dias. O termo infodemia tem sido utilizado e me faz muito sentido, porque a sensação é de estarmos doentes mesmo de tanta estafa de informação.
Fadiga de leitura: Sei que é irônico eu dizer isso em forma de texto, para leitores, mas sei também que muitos pós-jovens leram muito a vida inteira, mas, hoje em dia, mal conseguem terminar um livro. Somos tão estimulados por telas (e estafados com o que vemos nelas)(veja o parágrafo acima, se você pulou)(e, se pulou, não julgo, eu também estou cansado) que o ato de ler, no nosso próprio ritmo, com nossa voz interior, parece ou tedioso, ou apenas muito custoso em termos de energia e tempo.
Ilusão de contentamento: Talvez não seja o caso com ouvintes e leitores do PJ (porque vocês são incríveis), mas tenho a impressão - voltando aqui à figura da curiosidade como algo “infantil” - de que a idade traz a falsa sensação de que já aprendemos o suficiente. Talvez pela dificuldade também de desprender energia para desaprendermos alguma coisa para então irmos atrás de novidade (afinal, o mundo como o conhecemos sempre muda muitas vezes ao longo do curso da vida). Entendo que esse movimento, talvez por ele ser de fato uma ilusão de que já sabemos o bastante, está muito ligado à amargura de quem não dá conta de acompanhar as novidades (é enorme o desprazer de encarar uma insuficiência sua, né?).
Pânico da falta: Por falar em insuficiência (tudo bem se você pulou de novo, mas volta lá ao parágrafo de cima), tem também aquele fear of missing out (a sensação de estar sempre de fora de algo) que caracteriza tão bem nosso tempo e geração. E ter sempre algo novo para aprender em um universo infinito pode fazer alguém se sentir tão diminuto a ponto de ser paralisante. Como se a noção crescente de que nunca se sabe o bastante fosse, ao invés de instigante, desesperadora.
Falta de encorajamento: Não é produtivo ser curioso e o sistema vai sempre te dar a dica de que se distrair é mais eficaz do que estar atento (e forte), ainda mais se o novo aprendizado não te trouxer um benefício direto em termos de dinheiro ou status (que é também uma forma de capital). Pra que aprender uma habilidade, ou ter o prazer de saber algo interessante, se isso não te enriquece materialmente? O problema (pra eles) é que a gente já aprendeu que a felicidade é muitas vezes improdutiva.
Como andam você e sua curiosidade? Como você tem driblado esses obstáculos? Ser pós-jovem, para você, é saber se manter curioso?
Rita Oliva, cadê você?
A sessão Pós-Jovem, cadê você? está aqui para botarmos o papo em dia com convidados que deram as caras no podcast há um bom tempo. Nesta edição: Rita Oliva, a Papisa em pessoa (Pós-Jovem #015).
Cadê você?
“Foram anos confusos para mim, depois do fechamento do mundo na pandemia. Tinha acabado de lançar um disco e demorei um bom tempo pra me recuperar do baque de não poder tocar ao vivo. Passei anos focada nos meus atendimentos com astrologia e tarot, fui estudar psicologia, mas no ano passado veio um chamado para voltar de vez para a música. Então gravei outro disco e agora, mais do que nunca, estou aqui, me preparando para lançar um trabalho novo”
Como Papisa, ela acabou de lançar o single “Melhor Assim”, com produção de Felipe Puperi (Pós-Jovem #171).
O que tem te feito bem?
“Fazer esporte e boas conversas”
O que você recomenda?
“A série Sex Education, que comecei a ver tardiamente (estou na segunda temporada, e a quarta já saiu), e o livro Tudo Sobre o Amor: Novas Perspectivas, da Bell Hooks”
Dicas, dicas, dicas!
Me empolguei com Melhor Assim (linda, né?) e resolvi fazer diferente hoje. Eis um momento Música Pavê na newsletter com uma breve relação de novidades de alguns dos pós-jovens que já passaram pelo podcast, entre álbuns, EPs e singles (nessa ordem).
Link pro episódio nos nomes e números, link pro Spotify no nome das obras:
Jota.Pê (Pós-Jovem #169) - Se o Meu Peito Fosse o Mundo (Lado A)
Quem escutou o episódio com esse cara tão querido quanto talentoso já tomou uns spoilers muito bem vindos do que veio a ser esse disco - que, até agora, só conhecemos a primeira metade. E que metade, viu? Tem Xênia França, tem versão de uma das melhores de Emicida e tem ainda Ouro Marrom, de uma beleza sublime como poucas músicas têm.
Lucas Gonçalves (Pós-Jovem #154) - Câmara Escura
Brinquei com Lucas dia desses que, se ele para de fazer música, ele definha ou implode como pessoa. Sorte a nossa, porque ele colocou no mundo mais um disco lindíssimo (seu melhor até agora, talvez?)(e essa informação tem peso de sobra, reflita). O destaque aqui, nesse nosso contexto, é a belíssima Envelhecer.
Tuyo (Pós-Jovem #001, #036 e #094) - Tuyo Acústico
Me encanta muito em Tuyo todas aquelas excelentes produções, os beats, os efeitos… e como é gostoso ser (re)lembrado que o que faz a banda ser quem é, em sua essência, a voz, as melodias e as letras. Esse EP, com duas inéditas e três faixas que Lio, Lay e Jean fizeram na antiga Simonami, é de renovar uma admiração pelo trio que nunca se perdeu, mas ganha agora, ainda assim, um novo fôlego.
Liège (Pós-Jovem #079) - D.Q.U.
Uma nova era começa agora: D.Q.U. dá continuidade ao que a cantora paraense começou em Ecdise (2021) e aponta para um EP que sairá em breve. A produção de Dominique Vieira cria uma ambientação também “doce, quente e úmida” para a voz de Liège em um pop-não-assim-tão-pop (do jeito que eu gosto!) muito refinado.
Guil Anacleto (Pós-Jovem #196) - Resquício
Em suas palavras: “Dá um medo expor meus sentimentos assim, levei 30 anos para lançar a primeira música, mas quis fazer do meu jeito e, hoje, finalmente posso dizer que o mundo vai poder ouvir minha voz e a verdade do meu coração, dessa maneira tão importante e especial pra mim”. Um baita primeiro single.
E no podcast…
Quem segue o @posjovem no Instagram já tava sabendo porque rolou um spoiler: Lorena Coutinho, repórter da Rede Record e apresentadora do IDA: Passos de Inclusão, Diversidade e Amor, é a convidada da semana. A gente conversa sobre jornalismo e podcasts, sobre o trabalho na era contemporânea e muito mais. Eu amei gravar esse, sei que ele vai te fazer uma boa companhia também.
Bora manter contato!
Em 13 de novembro, daqui duas semanas, vem mais newsletter para você. No meio tempo, vem pro papo no podcast@posjovem.com.br e siga o Pós-Jovem no Instagram e no Twitter.
Tem hora que eu fico meio paralisada diante de todas as possibilidades ("tem hora", aka todo dia). Mas por sorte minha curiosidade tem sido maior até aqui, ainda bem. Seguimos em frente.